domingo, 25 de setembro de 2016

Relato de Experiência

 "Do sonho à realidade: o caminho percorrido à universidade", por Carlos Henrique Castro França


Ingressar numa Universidade Federal era um sonho de menino. Uma expressão de praxe, porém verdadeira. É o que torna realidade uma imaginação de um adolescente ou de um jovem que se imaginava no âmbito de uma universidade, cursando o que fosse, pois ainda não tinha definido a sua opção, orgulhosamente em direção ao alvo de seu desejo: ter um curso superior ou, como se diz também, um terceiro grau completo, na maior das ambições de que se possa desejar colocá-la em real plano. Um plano concretizado.
            Eu não poderia fugir à essa regra.
            Sou de uma família cujos pais me deram uma educação suficiente para respeitar, ajudar e admirar quem se dispusesse enfrentar alguns anos de estudos mais avançados ou não, mas que não se acomodasse na inércia de não procurar melhorar de vida.
            Meu pai foi professor. Lecionou por aproximadamente 40 anos na região Norte do nosso país. Um professor que naqueles anos se denominavam “catedráticos” (cátedra quer dizer: cadeira de quem ensina; cadeira professoral) pois era estudioso e formado em línguas como o português, o francês, o latim e o grego.
            Minha mãe era enfermeira, dona de casa (cuidava dos filhos por mais tempo), sábia nas horas de punir, carinhosa na hora de se arrepender da punição dada aos filhos. Éramos seis (e ainda somos três homens e três mulheres). Punição sempre merecedora. Foi deles e com eles que aprendi a gostar de livros. Olhá-los, manuseá-los com carinho e saborear, mesmo lentamente, de seus ensinamentos. Ouvia sempre de meu pai: “Leia, leia, leia. Leia para aprender a escrever, e se comunicar melhor com as pessoas.”  
            Então, não que fosse um exímio leitor, mas eu gostava de manusear um livro, olhá-lo, senti-lo de orelha a orelha. Quando estudante (do primário ao ginasial) já lia uma ou outra coisa. E assim fui “tomando gosto” pela leitura. Tenho formado uma biblioteca razoável, que me serve perfeitamente às expectativas de um leitor universitário. Curso atualmente o sétimo período de Letras/Português, na Universidade Federal da Paraíba.
            A literatura, por mais que se apresente sem nenhuma dificuldade aos jovens estudantes, sejam universitários ou não, está, a todo vapor, em muitos lugares. Nas livrarias, nos sebos, nos shoppings, na internet, universidade e escolas. Até mesmo existem programas de incentivos à leitura em locais que antes não se imaginava, como por exemplo: a biblioteca ambulante, a biblioteca de bairro, etc. E por lembrar em bibliotecas gostaria de citar uma delas, com mais de cem mil volumes à nossa disposição, implantada em um dos ambientes do Espaço Cultural, no bairro de Tambauzinho.
            Como universitário tive o prazer inesquecível e gratificante de participar de um projeto chamado Programa de Melhoria da Educação Básica – PROMEB/UFPB.  Esse Programa é desenvolvido em parceria com a Secretaria de Educação do Estado da Paraíba. Ele me deu a oportunidade de estagiar na Escola Estadual de Ensino Infantil, Fundamental, Médio e EJA Dona Alice Carneiro, localizada na Av. Sapé, s/n, no Bairro de Manaíra, na cidade de João Pessoa, Estado da Paraíba, inaugurada em 10 de dezembro de 2004 pelo então governador Cássio Cunha Lima, cujo atual Diretor chama-se Sr. Francisco Justino da Silva.
Assim, acompanhando a professora Claudineide Dantas de Oliveira, diariamente no horário das 7:15 às 11:15h, na disciplina Português, envolvendo Gramática e Literatura me deparei com uma situação um tanto quanto diferente daquilo que eu imaginava encontrar em qualquer escola pública.       Nessa Escola existem apenas o turno diurno (somente pela manhã) e o noturno (EJA). Tem matriculados aproximadamente 658 alunos. As turmas acompanhadas foram 1ª, 2ª e 3ª (A e B). Cada turma com inscrição de 30 alunos, mas frequentadores assíduos numa média de 18 alunos por classe. Usando os livros didáticos Contexto, Interlocução e Sentido, cujos autores são Maria Luiza M. Aburre e Maria Bernadete M. Aburre e Português/Linguagem, de autoria de Thereza Cochar Magalhães e William Roberto Cepeja.
O interesse demonstrado pelos alunos, de qualquer dessas séries, com relação ao ensino da literatura, não foi muito animador. Apesar dos esforços incansáveis da professora, eles não correspondiam ao seu ensinamento. E mesmo com incentivo de ganhar pelo menos um ponto para quem lesse algum trechinho do texto ora estudado e comentado dificilmente alguém se apresentava para tal atividade. Nossos jovens alunos, infelizmente, ainda não sentiram a razão, o prazer de uma leitura prática e necessária, o que os favorecerá, futuramente, numa escolha de profissão, num intercâmbio cultural, numa aprovação para um emprego tão almejado por eles. A literatura, como ela é distribuída enquanto por pequenos parágrafos de um texto não muito longo, encontra, mesmo assim, uma grande dificuldade de se tornar uma disciplina não obrigatória, mas satisfatória para o “curriculum vitae” de qualquer aluno. Os livros romanescos ou poéticos, de prosas ou contos são esquecidos, desprezados, abandonados em prateleiras empoeiradas. Ficam tempos e tempos fechados, calados, ansiosos por mãos que os peguem, os abram e os leem. E não é por falta deles. Eles existem em grande quantidade e qualidade. O que está presente, realmente, é o desinteresse por parte dos alunos e, inclusive, por parte de alguns professores também.

Creio que, chegará o dia em que a leitura, em particular de literatura, será algo cotidiano, buscado dentro dos interesses não só de alunos e professores mas por um número significante de pessoas que sentirão o quanto é bela essa arte da prática da leitura.

Nenhum comentário:

Postar um comentário