Ingressar numa Universidade Federal era um sonho de menino.
Uma expressão de praxe, porém verdadeira. É o que torna realidade uma
imaginação de um adolescente ou de um jovem que se imaginava no âmbito de uma
universidade, cursando o que fosse, pois ainda não tinha definido a sua opção,
orgulhosamente em direção ao alvo de seu desejo: ter um curso superior ou, como
se diz também, um terceiro grau completo, na maior das ambições de que se possa
desejar colocá-la em real plano. Um plano concretizado.
Eu não
poderia fugir à essa regra.
Sou de uma
família cujos pais me deram uma educação suficiente para respeitar, ajudar e
admirar quem se dispusesse enfrentar alguns anos de estudos mais avançados ou
não, mas que não se acomodasse na inércia de não procurar melhorar de vida.
Meu pai foi
professor. Lecionou por aproximadamente 40 anos na região Norte do nosso país.
Um professor que naqueles anos se denominavam “catedráticos” (cátedra quer
dizer: cadeira de quem ensina; cadeira professoral) pois era estudioso e
formado em línguas como o português, o francês, o latim e o grego.
Minha mãe
era enfermeira, dona de casa (cuidava dos filhos por mais tempo), sábia nas
horas de punir, carinhosa na hora de se arrepender da punição dada aos filhos. Éramos
seis (e ainda somos três homens e três mulheres). Punição sempre merecedora.
Foi deles e com eles que aprendi a gostar de livros. Olhá-los, manuseá-los com
carinho e saborear, mesmo lentamente, de seus ensinamentos. Ouvia sempre de meu
pai: “Leia, leia, leia. Leia para aprender a escrever, e se comunicar melhor
com as pessoas.”
Então, não
que fosse um exímio leitor, mas eu gostava de manusear um livro, olhá-lo,
senti-lo de orelha a orelha. Quando estudante (do primário ao ginasial) já lia
uma ou outra coisa. E assim fui “tomando gosto” pela leitura. Tenho formado uma
biblioteca razoável, que me serve perfeitamente às expectativas de um leitor universitário.
Curso atualmente o sétimo período de Letras/Português, na Universidade Federal
da Paraíba.
A
literatura, por mais que se apresente sem nenhuma dificuldade aos jovens
estudantes, sejam universitários ou não, está, a todo vapor, em muitos lugares.
Nas livrarias, nos sebos, nos shoppings, na internet, universidade e escolas.
Até mesmo existem programas de incentivos à leitura em locais que antes não se
imaginava, como por exemplo: a biblioteca ambulante, a biblioteca de bairro,
etc. E por lembrar em bibliotecas gostaria de citar uma delas, com mais de cem
mil volumes à nossa disposição, implantada em um dos ambientes do Espaço
Cultural, no bairro de Tambauzinho.
Como universitário
tive o prazer inesquecível e gratificante de participar de um projeto chamado
Programa de Melhoria da Educação Básica – PROMEB/UFPB. Esse Programa é desenvolvido em parceria com
a Secretaria de Educação do Estado da Paraíba. Ele me deu a oportunidade de
estagiar na Escola Estadual de Ensino Infantil, Fundamental, Médio e EJA Dona
Alice Carneiro, localizada na Av. Sapé, s/n, no Bairro de Manaíra, na cidade de
João Pessoa, Estado da Paraíba, inaugurada em 10 de dezembro de 2004 pelo então
governador Cássio Cunha Lima, cujo atual Diretor chama-se Sr. Francisco Justino
da Silva.
Assim, acompanhando a professora
Claudineide Dantas de Oliveira, diariamente no horário das 7:15 às 11:15h, na
disciplina Português, envolvendo Gramática e Literatura me deparei com uma
situação um tanto quanto diferente daquilo que eu imaginava encontrar em qualquer
escola pública. Nessa Escola existem
apenas o turno diurno (somente pela manhã) e o noturno (EJA). Tem matriculados
aproximadamente 658 alunos. As turmas acompanhadas foram 1ª, 2ª e 3ª (A e B).
Cada turma com inscrição de 30 alunos, mas frequentadores assíduos numa média
de 18 alunos por classe. Usando os livros didáticos Contexto, Interlocução e
Sentido, cujos autores são Maria Luiza M. Aburre e Maria Bernadete M. Aburre e
Português/Linguagem, de autoria de Thereza Cochar Magalhães e William Roberto
Cepeja.
O interesse demonstrado pelos alunos,
de qualquer dessas séries, com relação ao ensino da literatura, não foi muito
animador. Apesar dos esforços incansáveis da professora, eles não correspondiam
ao seu ensinamento. E mesmo com incentivo de ganhar pelo menos um ponto para
quem lesse algum trechinho do texto ora estudado e comentado dificilmente
alguém se apresentava para tal atividade. Nossos jovens alunos, infelizmente,
ainda não sentiram a razão, o prazer de uma leitura prática e necessária, o que
os favorecerá, futuramente, numa escolha de profissão, num intercâmbio cultural,
numa aprovação para um emprego tão almejado por eles. A literatura, como ela é
distribuída enquanto por pequenos parágrafos de um texto não muito longo, encontra,
mesmo assim, uma grande dificuldade de se tornar uma disciplina não obrigatória,
mas satisfatória para o “curriculum vitae” de qualquer aluno. Os livros
romanescos ou poéticos, de prosas ou contos são esquecidos, desprezados,
abandonados em prateleiras empoeiradas. Ficam tempos e tempos fechados,
calados, ansiosos por mãos que os peguem, os abram e os leem. E não é por falta
deles. Eles existem em grande quantidade e qualidade. O que está presente,
realmente, é o desinteresse por parte dos alunos e, inclusive, por parte de
alguns professores também.
Creio que, chegará o dia em que a
leitura, em particular de literatura, será algo cotidiano, buscado dentro dos
interesses não só de alunos e professores mas por um número significante de
pessoas que sentirão o quanto é bela essa arte da prática da leitura.
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